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10 agosto 2016

juan liscano / ressurgimentos



     Na medida do ir morrendo
a cada homem e às coisas
antes de morrer inteiramente,
ressurge uma e outra vez o mundo
com seus oferecimentos e promessas.

     Há instantes de viver
sem ser possuído, sem possuir,
sob a intempérie do ressurgimento;
dia novo
incrivelmente edénico
e recupera-se um alento inesperado
para acreditar na duração.

     A beleza existe, vive, suporta feridas,
expele uma aura de energia subtil,
envolve as formas obscuras do enraizamento,
suscita rajadas de assombro,
esfuma o inexistente, o pesado,
cria distâncias, afasta-se, parece ocultar-se
e mostra-se, livre e sensual,
em cada ressurgimento.


juan liscano
tradução de josé bento
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001