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20 agosto 2023

josé manuel teixeira da silva / porto, traseiras da sé

 



 
                                              para os meus pais
 
 

São nossos, tão de longe, esses olhos
Por aqui sempre ficaram
no esplendor reverso das traseiras
Longamente inscrevem, na luz que os enruga
a mais aérea e límpida gravura
 
Tudo o que da água sabe o filho de um peixe
assim nos ensinam, distraídos
a inclinar a cabeça, como evitar
a demorada disposição da terra
um tempo que em relances se acumula
 
Encontramo-nos todos nestes pátios
inocentes das nuvens que nos sabem
Há luzes que se acendem a espaços
pelo granito, caliça, ferros, aquela torre
Alguém de novo as vê uma primeira vez
 
 
 
josé manuel teixeira da silva
as súbitas permanências
quasi
2001




24 janeiro 2018

josé manuel teixeira da silva / arrabalde




Sabes do destino das ruas mais distantes
e aí persistem plenas as ausências
moradas de um abandono iluminado
Seguimos as pisadas que se perdem
o canto rouco das torrentes da poeira
demolidos portões, a ferrugem das passagens
Nos teus olhos outros  olhos que se afastam
ao longe noutro arrabalde
e tudo disposto para sempre sem lugar



josé manuel teixeira da silva
as súbitas permanências
quasi
2001








16 setembro 2016

josé manuel teixeira da silva / adeus



5
Entre vagas e vagas alternadas
partimos sempre da nossa vida inteira
como de uma ilha tão pouco visitada
À deriva das horas submersas
a neve sobre a neve, o rosto da amada
vida que corria com o rio
este último canto sobre as águas


josé manuel teixeira da silva
as súbitas permanências
quasi
2001