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05 dezembro 2006

joão de mancelos



mil novecentos e oitenta e cinco




nesse tempo, deus existia ainda
e tudo quanto era frágil respirava
loucamente


no bar da escola,
as bandas tocavam
para os cleptomaníacos do coração


nas traseiras do ginásio,
treinavam-se beijos à serpente
e cigarros orientais


os rapazes cresciam
com olhos prateados
e duros totens de carne


debaixo das saias das raparigas
havia flores rasgadas
e sonhos de cavalos bravos


forever young, só o vento
— e as revoluções do amor
que beijo a beijo atraiçoávamos






joão de mancelos
“oficina de poesia”
nr. 3 junho 2004
coimbra