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06 fevereiro 2022

hugo carvalheira neves / por mim, digo…

 
 
por mim, digo, não é que tenha pressa alguma nisto
não há é tempo nenhum
e das estações que falam e onde aterram
janeiro, março,
março, maio,
julho
(e isto só dos nós altos que fazem da mão injusta)
para não estarem nos meus últimos
a perder os de igual frio primeiros
(ou de não lhes serem agosto todos)
e mais grave que tudo
os cabelos soltos e como em três tempos os apanham
aí sim, outono inverno
de não se poder com a desatenção feroz
que te devolve ao chão de quando era no ar.
 
 
 
hugo carvalheira neves
certa parentela
do lado esquerdo
2019




21 setembro 2019

hugo carvalheira neves / não me tires o ar da boca



não me tires o ar da boca senão para passá-lo ao próximo
e não quero saber do próximo
ar que tiro
pleural, pulmonar, carnívoro
que faz de mim só seguinte mas não ao pé
não à beira
da mancha, entre tantas, que carregas
mudável sob a pele.




hugo carvalheira neves
certa parentela
do lado esquerdo
2019