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20 setembro 2011

douglas dunn / mudança de terry street





Numa carroça a ranger eles empurram o costume:
Um colchão, cabeceiras de cama, chávenas, tapetes, cadeiras,
Quatro livros de cow-boys. Dois rapazes a assobiar,
Em gibões de excedentes do exército americano,
Retiram os haveres da irmã. O marido
Vem atrás, trazendo às cavalitas o filho,
Cujas travessuras vão, para nossa alegria, na mudança.
E empurrando, quem diria, um corta-relva.
Não há relvados em Terry Street. Os vermes
Surgem de fendas nos pátios de cimento, ao luar.
A esse homem desejo boa sorte. Desejo-lhe relva.






douglas dunn
leituras poemas do inglês
trad. joão ferreira duarte
relógio d´água
1993





27 julho 2008

douglas dunn / à janela da noite






A noite chocalha de pesadelos.
Crianças choram nas casas amontoadas,
Um homem apodrece a ressonar.
De pés silenciosos, guardas experimentam portas.
Passadas tornam-se pessoas à luz de candeeiros.
Bêbedos regressam de paródias,
Soando a garrafas vazias e velhas cantigas.
As raparigas voltam para casa,
O prazer nelas ensurdece-me.
Trotam como póneis
E desaparecem por entre camas brancas
À beira da noite.
Todas as janelas se abrem na noite escaldante,
E os que não têm sono, fumando no escuro,
Fazendo pequenas luzes rubras junto à boca,
Contam os anos dos casamentos.








douglas dunn
leituras poemas do inglêstrad. joão ferreira duarte
relógio d´água
1993