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02 fevereiro 2016

andreia c. faria / frieiras



Difícil amar
os eventos do corpo, as pequenas traições, as frieiras
quando a magnólia sagra a Primavera

Todo o Inverno resistiu, mas agora
a tua mão abre-se vívida e inteira
como um coelho acabado de esfolar

Parapeito das rebentações, os gestos
aparecem-te ínvios como nomes
num minucioso mapa de guerra

Até ao fim d estação será assim:
a tua mão calcada e com o sangue
a obstinar-se-lhe dentro, a bater
nos nós dos dedos sem que alguém compareça
do lado de cá

Ninguém te desembrulha o estilhaço, a pele sensível

Trazes os bolsos desmaiados de sentidos

Tens os dedos fechados
do frio que não faz
e isso é difícil de amar

  
andreia c. faria
voo rasante
mariposa azual
2015