a montanha mostra-se
em toda a sua altitude, num apurado entendimento
do fôlego. Parece
mais próxima do que é costume;
ainda assim mantém
uma grandeza solitária, incontestada:
esta proximidade franca,
este modo de anunciar a primavera
enfim chegada, este cerimonioso
desnudar de seios nevados, como se
braços se espraiassem, não é
querer a intimidade.
(Entretanto
o sol de Abril, ainda frio,
floriu as pequenas margaridas,
tantas e humildes que se fazem espezinhar –
e que importa? Há em cada flor
a forma de uma gargalhada.)
A montanha prossegue graciosa
o seu sóbrio desvelamento.
este grande não-saber
trad. andreia c. faria e bruno m. silva
flâneur
2021
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