17 agosto 2023

rui diniz / postal com guache

 
 
Com Zelkie, com Vania. Ou um remoto retrato
De Dorian Gray. Eis como vivo – digo para mim.
Há sangue. Bebem beer na gare do midi.
Mas eu exilei-me em Toledo,
comprei livros. Durmo. Como laranjas num bar.
E quando é noite sonho cavalos, como suas narinas
Alargando cheiram o perigo.
 
Com Tom, pergunto. Um tom de sinos em infâncias
com vasos etruscos. Dilatam os rostos nos sons. São
os criados, no fundo, varrendo o desconsolo. Há anos.
Com uma faixa azul sobre o vestido de organdi branco:
Vania vestida para beber gin. Ou um remoto cais.
Ou um quadro de bosch. Com figos,
na prisão.
 
 
 
rui diniz
ossos de sépia
noemas
língua morta
2022




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