o olhar desarmado dos objectos
ameaçador, gelado de penumbra
com um ruído convulso e persistente
de facas, de vidros, de engrenagens.
a dobragem do medo
para o assalto da estratosfera líquida,
aonde o movimento é amplo e de vertigem.
se adquire no precipício do jogo
com as palavras decompostas livres propulsoras
lubrificadoras de ossos vorazes
no ritmo largo das muralhas vencidas.
o exercício do extremo limite
amplifica os ângulos
destrói as máquinas antigas
propôs a celeridade como estilo
no regresso possível à pureza dos nomes
semeado de gotículas azuis que são as palavras
umas a seguir às outra velozmente
quase nem refreadas
As palavras e o azulado das gotículas tomam a cor de um céu
[molhado
angustioso como o punho que dói ao escrever
Deixa que célere voe o pensamento
porque irás indubitavelmente infantil
encontrar o teu modo inevitável de dizer as coisas
IMPORTANTE
Somos as águias falsas sobre o oriente
ligado por fios eléctricos a cinco minutos que nunca mais passam
– já teriam passado –
O papel agora é mais branco
a vida poderia ter sido verdadeiramente amada e retribuir
porém os erros tornaram-me conveniente e apto
mais apto
para o ofício egoísta de escrever palavras azuis
gotículas sobre o papel de neve
o surrealismo na poesia portuguesa
organização, prefácio e notas de natália correia
frenesi
2002
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