de olhar o céu. Já sem fé, sem ninguém,
findo este seco meio-dia, levanto
os olhos. E é a mesma verdade de antes,
embora a testemunha seja outra.
Riscos de uma aventura já sem lendas
nem anjos, e nem sequer esse azul
da minha pátria. Pagaria para
sorver o ar, erguer os olhos, ver
sem recompensa, aceitar uma graça
que não cabendo nos sentidos dá
saúde nova, alívio, ocupação.
Troco pelo amor o dom, esta beleza
que não mereço nem ninguém merece.
Preciso hoje do céu mais que nunca.
Não para me salvar, para não estar só.
sem epitáfio
trad.miguel filipe mochila
língua morta
2019
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