6
Geograficamente,
pertenço a um país situado na metade oriental do mundo. Mas se sou nativo desse
Oriente, é antes de mais porque crio o meu próprio Oriente. Não lhe pertenço
senão na medida em que ele próprio me pertence. Esse Oriente é ao mesmo tempo
memória e esquecimento, presença e ausência. Afirma o caos de que não se sabe
se é a argila ou a mão, a luz ou a noite, o nada ou o tudo. O Oriente para mim
é o indefinível, a extensão vaga, o homem na sua errância original. Quando penso
nele, interrogo-me: a poesia, nos seus múltiplos modos, pode não significar
esse Oriente?
adonis
arco-íris do
instante
antologia
poética
tradução de nuno júdice
dom quixote
2016
Sem comentários:
Enviar um comentário