VII
Um pouco
de céu azulou na vertente das nossas unhas. O dia será quente onde coalha o
fogo. Eis a coisa como será:
um engelhamento
nos golfos escarlates, o abismo patanhado pelos búfalos da alegria ( ó alegria
só explicável pela luz! ) E o doente, no mar, dirá
que
parem o barco para que possa ser auscultado.
E grande
ócio então para todos os da popa, as arremetidas do silêncio refluindo para as
nossas frontes… Um pássaro que seguia, o seu voo o arrasta por cima das
cabeças, evita o mastro, passa, mostrando-nos as suas patas róseas de pombo,
bravo como Cambise e doce como Assuerus… E o mais moço dos viajantes,
assentando-se a três quartos na armadura: «muito vos quero falar das fontes sob
o mar…» (e pedem-lhe que conte)
–
Entretanto o barco projecta uma sombra verde-azulada; plácida, clarividente,
invadida por glucoses onde pastam
em cardumes
flexíveis que sinuosam
estes
peixes que deslizam como o tema ao longo do canto.
… E eu, pleno
de saúde, vejo isto, vou
junto do
doente e conto-lhe isto:
e eis
que ele me odeia.
saint-john
perse
antologia
poética
trad. carlos cunha e alfredo margarido
guimarães editores
1961
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