O mar
sorri ao longe.
Dentes de espuma,
lábios de céu.
– Que vendes tu, rapariga,
de turvos seios ao ar?
– Vendo, senhor, água
do mar.
– Que levas tu, jovem negro,
misturado em teu sangue?
– Levo, senhor, água
do mar.
– Essas lágrimas salobres,
onde te nascem, mãe?
– Choro, senhor, água
do mar.
– Coração, esta amargura
tão funda, donde te vem?
– Amarga muito, a água
do mar.
O mar
sorri ao longe.
Dentes de espuma,
lábios de céu.
federico garcia lorca
poemas
trad. de eugénio de andrade
assírio & alvim
2013
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