brincávamos a cair nos braços
um do outro como faziam as actrizes
nos filmes com marlon brando e
suspirávamos sem saber habituar o
coração à dor
o amor um pelo outro como se a desgraça
nos servisse bem o peito todo em movimento
a vida podia durar um dia
doíam-me os braços e tu caías uma e outra vez
distante eu era um lugar abandonado
querias culpar-me por ser triste de outro modo
lento convicto culpado fui o primeiro a dizer que
amar é afeiçoar o corpo ao perigo
a minha mãe avisava valter tem cuidado
não brinques assim vais partir uma perna
vais partir a cabeça vais partir o coração
estava certa foi tudo verdade
valter hugo mãe
publicação da mortalidade
poesia reunida
segundo livro, terceira parte
pornografia erudita
assírio & alvim
2018
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