Tivesse eu sido o que não fui,
Hoje era o mesmo projectado
António, Pedro, Lopo, Rui,
Quatro semblantes num só estado.
Mas serei, ainda que a morte
Me faça amiba, verme, pó:
Agulha a Deus, íntimo norte,
Resto de tudo uma alma só.
De eterno levo o tempo em frente
Como o boi leva o feno visto:
Mas ele é rês, e em mim vai gente:
Levado embora, existo, existo!
vitorino nemésio
o verbo e a morte
antologia poética
asa
2002
Sem comentários:
Enviar um comentário