Eu, o que vigia abrigado na
inocência,
sou o eu não partiu quando meu último sopro apagou a vela.
Mas, quem decifrou lentamente os fabulosos signos?
Oh, distante!
Quem buscava nas nuvens o espelho onde dorme a imagem de
secretos países?
Quem ouvia outras vozes a queixar-se o vento contra o cristal batido?
Quem inscreveu com fogo o seu nome nos troncos para que fosse
anúncio ardente
nas praias?
Oh, mensageiros!
Outro é o que partiu.
Mas por seu rosto passo às vezes como se ainda se visse no balão
inquieto da
infância que o tempo balança:
e às vezes chega a mim, atrás das frondes errantes, o fulgor de sua
mísera realeza.
Não me julgueis agora.
Esperai-o comigo.
Sua morte há-de alcançar-me tanto como sua vida.
olga orozco
trad. josé bento
a rosa do mundo 2001 poemas para
o futuro
assírio & alvim
2001
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