23 julho 2016

antónio franco alexandre / entende que te ouço quando o corpo



Entende que te ouço quando o corpo
abre na noite os flancos
quando oculta o pavor
as asas de ouro

quando mais nu que a água acordas
na brancura
e fere
o incessante

olhas e
a tempestade varre
o desabrigo

quando se rasga o ar
a boca movediça
fonte escura


antónio franco alexandre
cartão-postal
poemas
assírio & alvim
1996



Sem comentários: