11 março 2016

carlos de oliveira / posto de gasolina



Poiso a mão vagarosa no capô dos carros como se afagasse a crina dum cavalo. Vêm mortos de sede. Julgo que se perderam no deserto e o seu destino é apenas terem pressa. Neste emprego, ouço o ruído da engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco. Quem sou eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos de quem passa?



carlos de oliveira
sião
organização e notas de
al berto, paulo da costa domingos e rui baião
lisboa
1987



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