Poiso a mão vagarosa no capô dos carros como se
afagasse a crina dum cavalo. Vêm mortos de sede. Julgo que se perderam no
deserto e o seu destino é apenas terem pressa. Neste emprego, ouço o ruído da
engrenagem, o suave movimento do mundo a acelerar-se pouco a pouco. Quem sou
eu, no entanto, que balança tenho para pesar sem erro a minha vida e os sonhos
de quem passa?
carlos de oliveira
sião
organização e notas de
al berto, paulo da costa domingos e rui baião
lisboa
1987
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