06 dezembro 2013

antónio barahona da fonseca / a saque e a sangue



Na minha cidade a saque e a sangue
um grilo sacana canta e não canta
um grilo couraçado, desesperado
dentro da gaiola, pequena garganta

*

Conheço estas vozes que cheiram a tabaço
e dizem e dizem a saque e a sangue
a missão do poeta na miséria dos tempos:
Construir uma Rosa, suicidar-se estanque

ou viver pesaroso, fumador de navios,
ou vampiro feliz na encruzilhada dos rios


antónio barahona  da fonseca
grifo
1970





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