Como me
agradam estas vozes cansadas,
escuras,
pesadas, calmas como bois,
grávidas de
luto e de saudade
e ao mesmo
tempo de uma fúria contida,
centrada na
aspereza da glote,
vozes que
parecem vir de muito fundo,
de se terem
arrastado por muitas ruas
repartidas
entre o desejo e o esquecimento,
vozes que
vão aquecendo pouco a pouco,
engrossando,
empastando e cozendo
até coalhar
de todo consigo mesmas:
são como um
grande poço quase seco
de onde é difícil
tirar água no início,
mas quando
nos chega a sua fragância,
que jorro de
vida não supura
e como
ficámos impregnados e húmidos!
Isso podem
ser canções de taverna
ou os versos
de algum velho queixoso
que ainda
tem vontade de escrever.
àlex susanna
poemas
tradução de
egito gonçalves
2 comentários:
Como me fez bem ler esse poema nesse exato momento. Obrigado por isto.
Foi muito importante pra mim ler esse poema nesse exato momento. Obrigado pela escolha do dia. Abraço.
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