A história também não é
a escavadeira que destrói como dizem.
Deixa passagens no subsolo, cavernas, covas
e esconderijos. Há quem sobreviva.
A história é também benigna: devasta
o mais que pode: se exagerasse decerto
que seria melhor, mas sempre lhe faltam
notícias, não cumpre
todas as suas vinganças.
A história rapa o fundo
como uma rede de arrasto
com alguns rasgões, e há peixes que fogem.
Por vezes encontra-se o octoplasma
de um que escapou e não parece por isso feliz.
Não sabe que está fora, ninguém lhe falou nisso.
Os outros, apanhados, julgam-se
mais livres do que ele.
eugenio montale
excerto de "a
história".
mesa de amigos –
versões de poesia
pedro da silveira
assírio & alvim
2002
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