26 fevereiro 2013

mário cesariny / cadame




a vida é bela     .     comecemos
primeiro: o maior descanso
segundo: a maior liberdade
terceiro: o tratar-se dos pés
quarto: queimar


vejamos: a lua no quarto crescente cinge o macaco.
Separará sem dúvida o quente do frio, como uma
aterrissagem do génio expelindo o melhor, le plus
beau que auferimos de tanta felecidade

partiremos de noite como dois operários. Assim eu
venho para a grande fractura frente ao palácio.
A princesa repousa da sua casa, trago-lhe o direito
ao abandono nela. É encarregado da obra e da pala-
vra, amigo da bondade e da beleza, o meu cão.

olhar é desaparecer

abre a janela e passa orgulhoso
sob o aqueduto
o avião o
silêncio

além de tudo o novo cisne de Rhodes teu pai, pai de
si-mesmo e de quantos o habitam, ele que tanto
lembra o seu esplêndido vácuo e fala claramente,
separado do mundo.

quanto a Fausto, é de ver que se trata de gente doida
com aparência de sábios, gente que sabe, que sabe
muito, gente para fuzilar.

le vieux couple.


cadame.

le soleil.





mário cesariny
primavera autónoma das estradas
assírio & alvim
1980




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