XIII
e é preciso
correr é preciso ligar é preciso sorrir
é preciso suor
é preciso ser
livre é preciso ser fácil é preciso a roda
o fogo de artifício
é preciso o
demónio ainda corpulento
é preciso a
rosa sob o cavalinho
é preciso o
revólver de um só tiro na boca
é preciso o
amor de repente de graça
é preciso a
relva de bichos ignotos
e o lago é
preciso digam que é preciso
é preciso
comprar movimentar comércio
é preciso ter
feira nas vértebras todas
é preciso o
fato é preciso a vida
da mulher
cadáver até de manhã
é preciso um
risco na boca do pobre
para
averiguar de como é que eles entram
é preciso a
máquina a quatro mil vóltios
é preciso a
ponte rolante no espaço
é preciso o
porco é preciso a valsa
o estrídulo o
roxo o palavrão de costas
é preciso uma
vista para ver sem perfume
e outra menos
vista para olhar em silêncio
é preciso o
logro a infância depressa
o peso de um
homem é demais aqui
é preciso a
faca é preciso o touro
é preciso o
miúdo despenhado no túnel
é preciso
forças para a hemoptise
é preciso a
mosca um por cento doméstica
é preciso o
braço coberto de espuma
a luz o grito
o grande olho gelado
E é preciso
gente para a debandada
é preciso o
raio a cabeça o trovão
a rua a
memória a panóplia das árvores
é preciso a
chuva para correres ainda
é preciso
ainda que caias de borco
na cama no
choro no rogo na treva
é precisa a
treva para ficar um verme
roendo
cidades de trapo sem pernas
mário
cesariny
manual de
prestidigitação
assírio &
alvim
1981
1 comentário:
Tudo é preciso... =|
Enviar um comentário