Alguns revistam o fundo do mar, alguns lançam-se a uma estrela
e, mãe, alguns obsessivos voltam ao contrário cada pedra
ou abrem sepulturas para que entre aquela luz da estrela.
Há homens capazes de abrir seja o que for.
Harvey, a circulação do sangue,
e Freud, a circulação dos nossos sonhos,
espreitam honradamente e honrados são
como todos os exploradores. Homens capazes de abrir homens.
E aqueles outros, mãe, com doenças
como ruas grandiosas que tomaram o seu nome: Addison,
Parkinson, Hodgkin - médicos capazes de chegar
depressa e primeiro a qualquer cena amarga com um leito de morte.
Deles sou o colega lento, meio amedrontado,
incurioso. Em rapaz era assim: sabes como
a minha pequena mão nunca arreliou até destroçar
um despertador ou retalhou um morto.
E esta mão maior é igual. Estende-se agora
de uma manga branca para erguer, mãe,
o teu raio x até ao ecrã brilhante. Os meus olhos vêem
mas não querem ver; eu ainda não quero saber.
dannie abse
a rosa do mundo 2001 poemas para
o futuro
tradução de cecília rego pinheiro
assírio & alvim
2001
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