A
densidade do que não é,
a força do que não se tem,
amontoa a água da vida
e cria um rumor de fundo
para todos os gestos.
Até o tecido preto da morte
tem um pálido fio
onde a trama cede e se aligeira
porque lhe falta morte.
E até o que nunca viveu
e nunca morrerá
ergue-se na greta de uma ausência
que lhe empresta seu corpo.
A pedra do não ser,
a certeira condição negativa,
a pressão do nada,
é o último apoio que nos resta.
roberto juarroz
a rosa do mundo 2001 poemas para
o futuro
tradução de josé bento
assírio & alvim
2001
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