30 agosto 2011

tom raworth / aniversário




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o comboio segue, procurando alcançar o fim do escuro

pelo tempo que nos resta, se me permites,
abjuro e renuncio à minha insegurança
vês, dou-te esta bala com o meu nome escrito
adapta-se à tua boca exactamente. certamente
as palavras que a disparam são desconhecidas de nós dois
por enquanto, gastei canais no ar deste quarto
que são meus, uma roda de caminhos
da secretária à porta, à mesa. agora mesmo sem
pensar, cheguei a ponta acesa do cigarro
à falena que passeava no meu canivete
e só quando volteou e estremeceu compreendi
o que fizera. um cometa. os desenhos no céu.

nós seis movemo-nos na noite
cada um levando uma candeia de cor diferente.





tom raworth
poesia do mundo
tradução de adriana bebiano
afrontamento
1995

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