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Prepotente, feroz
renasces, e de repente, numa noite, cobres
uma parede acabada de erguer, o muro
principesco de um ocre
gerado pelo novo sol que vai queimando…
E bastas tu, com o teu perfume, obscuro,
frágil, rastejante, para me tornares puro
de história como um verme, um monge;
e não o quero, revolto-me – árido
na minha nova raiva,
que escora o descascado estuque
do meu novo edifício.
Alguma coisa fez aumentar
o abismo entre corpo e história, enfraqueceu-me,
secou-me, reabriu as minhas feridas…
(…)
pier paolo pasolini
poemas
trad. maria jorge vilar de figueiredo
assírio & alvim
2005
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