25 março 2010

robert schindel / venero fausto, é certo







(a partir de Wladimir Wyssotzkij)




Venero Fausto, e admiro Dorian Gray
Mas a minha alma nunca o diabo a terá
Também a despropósito a ciganas dei
A ler o dia da morte nas borras do café.
E tu, demónio, vê lá, não me assinales
A data no teu negro diário!
Se já o fizeste, ah, peço-te que a esqueças
Antes que expire o prazo nesse calendário,
Não quero ficar à espera, a ver lá fora
Corvos palrar com anjos num último festim
Não quero que riam e cochichem agora
Apaga já a data do meu fim,
Minh´ alma afunda-se sob a neve no campo
Em medo e dúvida, imersa no tempo,
… Quero lá saber da imortalidade! Nada
Peço, só quero uma estrada larga e macia
Um amigo e um cavalo para a última jornada.
Humilde, baixarei a cabeça, para que nesse dia
Me deixem ir. Sem lágrimas, sem melancolia.








robert schindel
telhados de vidro nr. 11
tradução de joão barrento
averno
2008







3 comentários:

Amélia disse...

Devo-lhe os muitos poetas que no seu blogue reencontro ou leio pela primeira vez.Obrigada.

Ludmylla disse...

explendido!
poema maravilhoso, ligo pelos olhos e sentido na alma

Ludmylla disse...

explendido!
poema maravilhoso, ligo pelos olhos e sentido na alma