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Pus um ovo, branco, puro, brilhante; parecia uma estrela ovalada. Mas anos atrás, já tinha posto outro, celeste, e outro cor de rosa; mas este era puro, branco, brilhante e o mais bonito. Coloquei-o numa taça com a mão por cima, para que não perdesse o brilho; mimei-o com descrição, com certa indiferença fingida. As mulheres ficaram invejosas, insidiosas, criticavam-me; ostensivamente cobriam os ombros e alongaram os vestidos.
Prossegui, inflexível.
Não posso dizer o que saiu do ovo porque não sei; mas, seja o que for, ainda me segue; a sua sombra filial e terna, abate-se sobre mim.
marosa di giorgio
os papéis selvagens
tradução de rosa alice branco
encontros de talábriga
3 comentários:
Um homem sabe um ovo. o ovo sabe um ninho. as mulheres? maldizem sempre e a vida segue.
vivemos.
hummm... ternura de texto!
Adorei!
Nem sempre saravasti, as mulheres maldizem!... e nem só elas maldizem!...
é "guardar" os mistérios que seguimos em nós!!!
Um abraço.
Jefferson.
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