(…)
digo mais uma vez:
como
se fosses
o vento
passaste
pela minha
vida –
passaste por este bloco apaixonado, primitivo, alucinado, obscuro, rumoroso, desprendido, fatigado, perseverante, abrasado – como se fosses apenas uma visita subtil da brisa irrompeste por este campo silencioso, inquieto, duríssimo, taciturno, abjecto, obstinado, espesso, inventado – como se mais não fosses do que uma fresca brisa matinal visitaste esta pequena ilha cruel, à deriva, transparente, dissolvida no seu sal, estéril, fantástica, humilde, incandescente que foi o meu corpo, o espaço vulnerável do meu comércio.
E abandonaste-me.
Num deserto que não conhecia.
Com uma casa inteira para percorrer com os meus passos por dentro da noite.
Ou fui eu quem te
abandonou?
casimiro de brito
imitação do prazer
publicações dom quixote
1991
3 comentários:
encanta passar por aqui
ler e saborear o que nos deixas, onde o bom gosto está é primazia
um abraço e saudades
lena
adicionei o seu blog aos meus favoritos. parabéns!
Que poema maravilhoso!!!!
Aliás, tudo por aqui é tão delicioso...
Parabéns, GS (e todos os seus nomes verdadeiros, seja lá quais forem)!
E obrigada pelas visitas no Van Filosofia.
Deixe recadinho da próxima vez, vou adorar!
Beijo grande.
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