25 maio 2007
marguerite duras / textos secretos (1)
Ontem à noite, depois da sua partida definitiva,
fui para aquela sala do rés-do-chão que dá para o parque,
fui para ali onde fico sempre no mês de junho,
esse mês que inaugura o Inverno.
Tinha varrido a casa,
tinha limpo tudo como se fosse antes do meu funeral.
Estava tudo depurado de vida,
isento,
vazio de sinais, e depois disse para comigo:
vou começar a escrever
para me curar da mentira de um amor que acaba.
Tinha lavado as minhas coisas,
quatro coisas,
estava tudo limpo, o meu corpo, o meu cabelo, a minha roupa,
e também aquilo que encerrava o todo,
o corpo e a roupa,
estes quartos,
esta casa,
este parque.
E depois comecei a escrever...
marguerite durastextos secretos
trad. tereza coelho
quetzal
1999
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4 comentários:
marguerite duras. ès grande.
Isabel
belo !
marguerite duras, uma senhora
delicias com o que partilhas
obrigada
o meu abraço carinhoso
lena
Tão belo, o poema!
gostei muito deste.
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