25.
Já não tarda o novíssimo tempo
– de que se espantarão os
crentes e amados
e os que bendito voto juraram,
e os penitentes e noviços e também os bailadores,
e os que em sua arte se consagram, e do futuro duvidam,
e nós todos por ele em desgraça
e com o mistério da palavra corrompido.
Já não tarda o novíssimo tempo –
quando não mais chegar o desejo inspirador,
quando não mais entre mãos nos perdoarmos,
quando soarem em cracóvia os carrilhões,
se nada ofuscar na hora solitária,
quando for mais tarde – for mais tarde.
Então ímpios seremos e impuro há-de ser o nosso anjo,
o outrora das paragens atento e guardião, o
os afectos servindo-se para combalir o nosso ânimo,
galgar as arcadas com o beiço de um símio
e o fedor espalhar nas terras em que jurou deus.
Dizer que prosperámos sob céus férteis – qual acreditará
qual presenciou a terra lisa, e os seus vales, e
o amor dormente que de tão esguio nem vulto leva?
Dizer que fomos ditosos – será em vão,
a quem for dado o pavor insigne, em nada crerá,
e do dia para a noite, sob as construções,
enquanto ao caridoso acorremos, que mais acorrerá,
os acossados pregadores assomarão incólumes
dizendo: «como jurar-te se
jamais de entre nós se alentará o rosto – senhor,
como proclamar-te?».
E os que tomarão o disfarce de apóstolos,
dos nefastos distritos a chegar,
notarão os sinais para declarar o juízo – e
não haverá clemência com os
mártires
– e neles lastrará a pestilência!,
pois sete vezes os sete dementes anjos
devassaram o corpo e sangue do cordeiro.
rui coias
a ordem do mundo
quasi edições
2005