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A presença do homem suíço, útil, necessária,
tornara-se absolutamente redundante e perniciosa,
balbuciante, alemã, inaceitável, teológica, inútil (pensei),
como uma luz excessiva sobre B., a nuca, o corpo de B.,
uma luz teológica sobra a nudez, teológica, de B.,
uma imaginação excessiva sobre o corpo de B.,
antes fugir! e disse: não, não fico, vou
para casa (uma marcha, contudo, de quilómetros
por ruas desoladas, além do canal, rumo aos subúrbios),
é tarde. Vejo no rosto desfeito do homem suíço
a imaginação suíça e a imaginação teológicas desfeitas,
o alívio e a dor da tentação desfeita, enquanto
B. diz eu também não (em palavras francesas) e continua
a falar em palavras francesas com o rapazola nocturno
da recepção. Assim desaparece o homem suíço
desta história. Assim desapareço eu
do átrio, da recepção, da praça oval
a caminho de casa, que é um quarto subterrâneo
num subúrbio sem transportes nocturnos. Assim
desaparece B.? assim fica todo o sangue de B.
a latejar no meu sangue, a violência
e a ternura do corpo de B. a desfazer-se
nas ruas nocturnas, em frente ao museu des Augustins,
nas ruas desfeitas, silenciosas, rumo aos subúrbios,
a boca intensa, o sopro intenso, o corpo intenso de B.
inclinando-se sobre a minha boca, o meu corpo emigrante,
assim desaparece B. no meio da agonia e da raiva
e da teologia, assim se transforma
a nudez de B. no avesso da minha roupa emigrante,
assim se transformam desejo, agonia, terror,
em realidade e fantasia, em noção
meramente política, assim aparece e desaparece
o corpo esguio infinitamente desejável desfeito
entre ruas nocturnas onde marcho e só
uma barcaça de carvão turva o liso
asfalto do canal assim aparece agora B.
no quarto de hotel do homem suíço menos jovem
uma vez afastado o amigo inocente? uma vez desejado
o corpo ausente do amigo inocente? uma vez usada
a inocência ou não inocência do amigo inocente
com mero savoir-faire das ruas nocturnas da cidade
cujo mapa ficou, aberto, sobre a mesa escarlate?
Assim aparece e desaparece o corpo de B.,
a nudez de B. na boca do homem suíço qualquer
traído pela confusão, e pela inocência, do amigo inocente que marcha
por ruas nocturnas silenciosas, com a imagem
do corpo de B. ao avesso da roupa a transformar-se
num pedaço cortado do seu corpo emigrante,
isto é, numa víscera, um rim suplementar! um
tumor, pernicioso, uma pergunta em perfeitas
frases francesas unicamente? Assim aparece e desaparece
o rosto desfeito do homem suíço inútil
a juntar o seu corpo inútil ao corpo de B.
que aparece e desaparece no corpo inútil do seu
amigo inocente, que sou eu? E mais tarde
(dias mais tarde? encontro B. na livraria,
rue do taur, consultando o Métier de Bourdieu
demasiado caro. Encontro o desejo de B.
na livraria, consultando o Métier. Encontro-me
a soluçar por dentro do meu corpo emigrante
diante de B., diante da roupa de B., diante
da boca de B., às avessas do corpo de B.
amigos vários de B. acompanham o corpo de B.
rue du Taur, amigos jovens de B.
escutam a história do homem suíço menos jovens
contada por B. em perfeitas frases francesas,
em frases exactas e claras que omitem
o sopro de B. soprando para mim, para a minha nuca,
e omitem o rosto confuso, desfeito, do homem teológico,
e omitem o corpo de B., a agonia e o desejo de B.,
e omitem a marcha do amigo inocente de B.
pelas ruas nocturnas dos subúrbios,
e omitem o rosto desfeito, inútil, com que ouço
a história do homem suíço na boca de B.,
e omitem o sofrimento da infância, o abjecto
e pernicioso sofrimento da teologia desfeita,
e omitem o amor, que aparece e desaparece
no terror e confusão a desfazer-se da infância
que ouço B. falar do homem suíço dégoûtant,
da confusão e terror do homem suíço dégoûtant desfeito
diante do rapazola nocturno, indiferente e cortês,
que ouço na boca de B. as perfeitas palavras
francesas mais exactas e claras, o talhe perfeito,
o sangue perfeito de B. latejando junto
ao meu corpo emigrante, ao meu corpo ao avesso
do ar, encontro-me a soluçar por dentro diante
de B.,dos amigos mais jovens de B., do riso e
da crueldade e da exactidão de B. e dos amigos de B.,
que ouço a ouvir-me da boca de B. tivesse sido
aqui alguém como A. alguém jovem assim
como aqui A. jovem assim, isto porém
nas palavras francesas mais exactas
quando a boca francesa as pronuncia, passando
sobre o corpo teológico do homem suíço desfeito
e sobre o corpo do amigo inocente que marcha
nas ruas nocturnas suburbanas descobrindo, só,
o fim e a finalidade da sua infância,
e sobre a nudez infinita do corpo de B. ou de
outro corpo qualquer nas mãos do homem suíço útil
que um dia, quem sabe, serei eu, noutro
destino, noutro café, noutra cidade, perfeitamente!
gritei, em palavras francesas. Enquanto eu
nos inventava Rodes, a maravilha oitava,
marchando quilómetros de asfalto suburbano
na agonia final da infância toda, no terror
e confusão e agonia do mundo mal recém-nascido,
assim tudo desfeito se perdia, assim a boca
das palavras exactas se trocava e vendia, assim trocava
por palavras o sangue, o corpo atravessado
por flechas, doiradas, como na imagem
pública do museu des Augustins. Assim
comecei a aprender o argot da praça oval
onde um dia, já desta velha idade habituado,
desfeito em teologia viria, virei a uma mesa
de toalha encarnada e candeeiro, virei, viria
diante de B. e do amigo talvez inocente de B.
assim embrulhado em teologia suíça ouvindo
a boca de B. que se inclina para a nuca
do amigo talvez inocente de B. e teria, terei
a mais pequena mala encostada aos pés da mesa
junto aos pés de B., ao corpo de B. que recordo
com exactidão, à nudez do corpo de B. que recordo
com exactidão, no quarto de hotel, 3º andar.
Dificilmente, contudo, recordo o rosto do homem suíço
menos jovem, que tínhamos (B. e eu) encontrado
num café da praça Wilson. Dificilmente, contudo,
recordo o rosto de B., o corpo de B. às avessas
do ar, o sopro da boca de B. inclinando-se
sobre a minha nuca. Dificilmente, contudo, recordo
o corpo do amigo talvez inocente de B. marchando
por ruas suburbanas, aprendendo artes, argot,
inventando Rodes: pode-se rir do trocadilho.
Nesse dia, nessa noite, aprendi
toda a teologia, que dificilmente recordo, contudo.
Nesse dia, nessa noite, acabou-se-me a paciência
para a fantasia, ah, mudar a vida, sempre, ser
quase invisível de tão transparente! o mundo
não cessa de nascer, de aparecer e desaparecer
no meio das mais inúteis palavras, transforma-se
o corpo dos amantes nas palavras amantes inúteis,
transforma-se o corpo de B. no amor a todas
as coisas amantes amadas, e esta é
a minha certeza, a minha verdade, a minha virtude teologal.
Como seria diferente e fácil o curso da minha vida
se tivesse, esse dia, essa noite, virado à direita
como era normal! em direcção ao Capitole,
sem hesitar, olhando sempre em frente! Uma vez
casado, e os filhos feitos, teria
decidido ficar, fazer-me todo inteiro, aberto
só na mesa final. Deitaria no chão
o meu corpo, outro corpo qualquer, e ao domingo
visitaria o mártir no museu, fechado, des Augustins,
sem me reconhecer. Encontraria B.
numa esplanada da praça Wilson,
sem me reconhecer. Encontraria, outra vez, o homem
suíço menos jovem, teólogo, sem me reconhecer.
Encontraria A., o amigo talvez inocente de B.,
sem me reconhecer. Encontraria o corpo de B.,
encontraria a nudez do corpo de B. no meu corpo,
sem me reconhecer. Talvez tarde, talvez nunca
aprendesse argot e artes de navalha
nas ruas que saem da praça Wilson,
talvez tarde, talvez nunca o meu corpo
fosse a pele do corpo de B., a nudez do corpo de B.,
a pele da nudez do corpo de B. no corpo do homem
suíço, teólogo, menos jovem, em palavras francesas.
Em palavras francesas, exactas, claras,
sem me reconhecer. Estaria no mundo
sem conhecer, sem amar o vazio, por isso
sem me reconhecer. Teria, terei
marchado inúteis quilómetros de asfalto suburbano
sem amar o que não conheço, o que não sei.
Não estaria, hoje diante de todos vós
com palavras inúteis, inexactas e obscuras,
a falar-vos de B., da história de B.,
das imaginações de B. e das sua palavras
tão exactas e claras que ao ouvi-las
ficaríamos cegos, todos nós, ardendo
em lume escarlate, dizia A., disse B.
em palavras francesas que mal traduzi. Foi,
na verdade, à esquerda que virei, em direcção
à praça oval iluminada e aromática
em companhia de B., do corpo iluminado e aromático de B.,
do aroma e da luz do corpo de B. inteiramente oculto
ao avesso da roupa e das palavras perfeitas de B.,
do sangue de B. desde então a latejar nas imperfeitas
palavras estrangeiras em que desde então oculto
a nudez de B., a esperança e a fé
e o amor de B. desde então a iluminar
e a perfumar as ruas nocturnas dos subúrbios
noutra cidade, noutro país, noutra razão teológico-
-política, noutro poema escrito
Por B., somente, em perfeitas palavras estrangeiras.
antónio franco alexandre
le tiers exclu, fantasia política
quatro caprichos
assírio & alvim
1999
tornara-se absolutamente redundante e perniciosa,
balbuciante, alemã, inaceitável, teológica, inútil (pensei),
como uma luz excessiva sobre B., a nuca, o corpo de B.,
uma luz teológica sobra a nudez, teológica, de B.,
uma imaginação excessiva sobre o corpo de B.,
antes fugir! e disse: não, não fico, vou
para casa (uma marcha, contudo, de quilómetros
por ruas desoladas, além do canal, rumo aos subúrbios),
é tarde. Vejo no rosto desfeito do homem suíço
a imaginação suíça e a imaginação teológicas desfeitas,
o alívio e a dor da tentação desfeita, enquanto
B. diz eu também não (em palavras francesas) e continua
a falar em palavras francesas com o rapazola nocturno
da recepção. Assim desaparece o homem suíço
desta história. Assim desapareço eu
do átrio, da recepção, da praça oval
a caminho de casa, que é um quarto subterrâneo
num subúrbio sem transportes nocturnos. Assim
desaparece B.? assim fica todo o sangue de B.
a latejar no meu sangue, a violência
e a ternura do corpo de B. a desfazer-se
nas ruas nocturnas, em frente ao museu des Augustins,
nas ruas desfeitas, silenciosas, rumo aos subúrbios,
a boca intensa, o sopro intenso, o corpo intenso de B.
inclinando-se sobre a minha boca, o meu corpo emigrante,
assim desaparece B. no meio da agonia e da raiva
e da teologia, assim se transforma
a nudez de B. no avesso da minha roupa emigrante,
assim se transformam desejo, agonia, terror,
em realidade e fantasia, em noção
meramente política, assim aparece e desaparece
o corpo esguio infinitamente desejável desfeito
entre ruas nocturnas onde marcho e só
uma barcaça de carvão turva o liso
asfalto do canal assim aparece agora B.
no quarto de hotel do homem suíço menos jovem
uma vez afastado o amigo inocente? uma vez desejado
o corpo ausente do amigo inocente? uma vez usada
a inocência ou não inocência do amigo inocente
com mero savoir-faire das ruas nocturnas da cidade
cujo mapa ficou, aberto, sobre a mesa escarlate?
Assim aparece e desaparece o corpo de B.,
a nudez de B. na boca do homem suíço qualquer
traído pela confusão, e pela inocência, do amigo inocente que marcha
por ruas nocturnas silenciosas, com a imagem
do corpo de B. ao avesso da roupa a transformar-se
num pedaço cortado do seu corpo emigrante,
isto é, numa víscera, um rim suplementar! um
tumor, pernicioso, uma pergunta em perfeitas
frases francesas unicamente? Assim aparece e desaparece
o rosto desfeito do homem suíço inútil
a juntar o seu corpo inútil ao corpo de B.
que aparece e desaparece no corpo inútil do seu
amigo inocente, que sou eu? E mais tarde
(dias mais tarde? encontro B. na livraria,
rue do taur, consultando o Métier de Bourdieu
demasiado caro. Encontro o desejo de B.
na livraria, consultando o Métier. Encontro-me
a soluçar por dentro do meu corpo emigrante
diante de B., diante da roupa de B., diante
da boca de B., às avessas do corpo de B.
amigos vários de B. acompanham o corpo de B.
rue du Taur, amigos jovens de B.
escutam a história do homem suíço menos jovens
contada por B. em perfeitas frases francesas,
em frases exactas e claras que omitem
o sopro de B. soprando para mim, para a minha nuca,
e omitem o rosto confuso, desfeito, do homem teológico,
e omitem o corpo de B., a agonia e o desejo de B.,
e omitem a marcha do amigo inocente de B.
pelas ruas nocturnas dos subúrbios,
e omitem o rosto desfeito, inútil, com que ouço
a história do homem suíço na boca de B.,
e omitem o sofrimento da infância, o abjecto
e pernicioso sofrimento da teologia desfeita,
e omitem o amor, que aparece e desaparece
no terror e confusão a desfazer-se da infância
que ouço B. falar do homem suíço dégoûtant,
da confusão e terror do homem suíço dégoûtant desfeito
diante do rapazola nocturno, indiferente e cortês,
que ouço na boca de B. as perfeitas palavras
francesas mais exactas e claras, o talhe perfeito,
o sangue perfeito de B. latejando junto
ao meu corpo emigrante, ao meu corpo ao avesso
do ar, encontro-me a soluçar por dentro diante
de B.,dos amigos mais jovens de B., do riso e
da crueldade e da exactidão de B. e dos amigos de B.,
que ouço a ouvir-me da boca de B. tivesse sido
aqui alguém como A. alguém jovem assim
como aqui A. jovem assim, isto porém
nas palavras francesas mais exactas
quando a boca francesa as pronuncia, passando
sobre o corpo teológico do homem suíço desfeito
e sobre o corpo do amigo inocente que marcha
nas ruas nocturnas suburbanas descobrindo, só,
o fim e a finalidade da sua infância,
e sobre a nudez infinita do corpo de B. ou de
outro corpo qualquer nas mãos do homem suíço útil
que um dia, quem sabe, serei eu, noutro
destino, noutro café, noutra cidade, perfeitamente!
gritei, em palavras francesas. Enquanto eu
nos inventava Rodes, a maravilha oitava,
marchando quilómetros de asfalto suburbano
na agonia final da infância toda, no terror
e confusão e agonia do mundo mal recém-nascido,
assim tudo desfeito se perdia, assim a boca
das palavras exactas se trocava e vendia, assim trocava
por palavras o sangue, o corpo atravessado
por flechas, doiradas, como na imagem
pública do museu des Augustins. Assim
comecei a aprender o argot da praça oval
onde um dia, já desta velha idade habituado,
desfeito em teologia viria, virei a uma mesa
de toalha encarnada e candeeiro, virei, viria
diante de B. e do amigo talvez inocente de B.
assim embrulhado em teologia suíça ouvindo
a boca de B. que se inclina para a nuca
do amigo talvez inocente de B. e teria, terei
a mais pequena mala encostada aos pés da mesa
junto aos pés de B., ao corpo de B. que recordo
com exactidão, à nudez do corpo de B. que recordo
com exactidão, no quarto de hotel, 3º andar.
Dificilmente, contudo, recordo o rosto do homem suíço
menos jovem, que tínhamos (B. e eu) encontrado
num café da praça Wilson. Dificilmente, contudo,
recordo o rosto de B., o corpo de B. às avessas
do ar, o sopro da boca de B. inclinando-se
sobre a minha nuca. Dificilmente, contudo, recordo
o corpo do amigo talvez inocente de B. marchando
por ruas suburbanas, aprendendo artes, argot,
inventando Rodes: pode-se rir do trocadilho.
Nesse dia, nessa noite, aprendi
toda a teologia, que dificilmente recordo, contudo.
Nesse dia, nessa noite, acabou-se-me a paciência
para a fantasia, ah, mudar a vida, sempre, ser
quase invisível de tão transparente! o mundo
não cessa de nascer, de aparecer e desaparecer
no meio das mais inúteis palavras, transforma-se
o corpo dos amantes nas palavras amantes inúteis,
transforma-se o corpo de B. no amor a todas
as coisas amantes amadas, e esta é
a minha certeza, a minha verdade, a minha virtude teologal.
Como seria diferente e fácil o curso da minha vida
se tivesse, esse dia, essa noite, virado à direita
como era normal! em direcção ao Capitole,
casado, e os filhos feitos, teria
decidido ficar, fazer-me todo inteiro, aberto
só na mesa final. Deitaria no chão
o meu corpo, outro corpo qualquer, e ao domingo
visitaria o mártir no museu, fechado, des Augustins,
sem me reconhecer. Encontraria B.
numa esplanada da praça Wilson,
sem me reconhecer. Encontraria, outra vez, o homem
suíço menos jovem, teólogo, sem me reconhecer.
Encontraria A., o amigo talvez inocente de B.,
sem me reconhecer. Encontraria o corpo de B.,
encontraria a nudez do corpo de B. no meu corpo,
sem me reconhecer. Talvez tarde, talvez nunca
aprendesse argot e artes de navalha
nas ruas que saem da praça Wilson,
talvez tarde, talvez nunca o meu corpo
fosse a pele do corpo de B., a nudez do corpo de B.,
a pele da nudez do corpo de B. no corpo do homem
suíço, teólogo, menos jovem, em palavras francesas.
Em palavras francesas, exactas, claras,
sem me reconhecer. Estaria no mundo
sem conhecer, sem amar o vazio, por isso
sem me reconhecer. Teria, terei
marchado inúteis quilómetros de asfalto suburbano
sem amar o que não conheço, o que não sei.
Não estaria, hoje diante de todos vós
com palavras inúteis, inexactas e obscuras,
a falar-vos de B., da história de B.,
das imaginações de B. e das sua palavras
tão exactas e claras que ao ouvi-las
ficaríamos cegos, todos nós, ardendo
em lume escarlate, dizia A., disse B.
em palavras francesas que mal traduzi. Foi,
na verdade, à esquerda que virei, em direcção
à praça oval iluminada e aromática
em companhia de B., do corpo iluminado e aromático de B.,
do aroma e da luz do corpo de B. inteiramente oculto
ao avesso da roupa e das palavras perfeitas de B.,
do sangue de B. desde então a latejar nas imperfeitas
palavras estrangeiras em que desde então oculto
a nudez de B., a esperança e a fé
e o amor de B. desde então a iluminar
e a perfumar as ruas nocturnas dos subúrbios
noutra cidade, noutro país, noutra razão teológico-
-política, noutro poema escrito
Por B., somente, em perfeitas palavras estrangeiras.
le tiers exclu, fantasia política
quatro caprichos
assírio & alvim
1999