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19 fevereiro 2024

leonor de almeida / entronização

 




 
Tenho o braço cansado,
A mão dorida, trôpega…
Mas uma espécie de ânsia sôfrega
Ordena:
           Empurrar tudo!
– Não quero, nem passado,
Nem presente,
Nem futuro! –
 
O braço faz de muro,
A mão abre caminho, coerente…
 
Quero uma estrada cá dentro… lisa, plana,
Para a tua palavra mágica, profética,
Bela e magnética,
Passear livremente,
E demoradamente!...
 
 
 
leonor de almeida
caminhos frios (1947)
antologia da novíssima poesia portuguesa
m. alberta menéres, e. m. de melo e castro
moraes editores
1971