27 setembro 2022

Isabel de sá / a cinza de luz é tanta

 



 
A cinza de luz é tanta que não posso abandonar-me.
 
Lento sofrimento este
sem tocar dedos de sombra, queimadura ou luva.
Ou respirar de outro ser tão fluido, desolado e frio.
 
Chegou a hora de minha alma não ser ela.
Chegou o tempo de meu corpo não ter corpo
e em silêncio ser de luz, poeira.
 
 
 
isabel de sá
semente em solo adverso (poesia reunida)
restos de infantas 1979-1980
officium lectionis edições
2022

 




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