(1925)
Quarta, 18 de
Março
(…) Neste momento (sete e meia, antes do jantar)
apenas posso anotar que o passado é belo porque uma pessoa nunca se apercebe de
uma emoção na altura. Expande-se mais tarde e assim não temos emoções completas
sobre o presente, apenas sobre o passado. Isto ocorreu-me na gare de Reading ao
ver a Nessa e o Quentin darem um beijo, ele aproximando-se timidamente, contudo
com uma certa emoção. Isto vou lembrar, e hei-de valorizar, quando estiver
separado de toda aquela trapalhada que é atravessar a gare, procurar o
autocarro, etc. É por isso que damos importância ao passado, acho eu. (…)
virgínia
woolf
diário
primeiro volume 1915-1926
trad. maria josé jorge
bertrand editora
1985
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