Nos campos onde a neve se estende,
o vento arrasta uma brancura de passos.
Troncos que foram verdes são
braços negros em gestos de pedinte.
Vagueiam almas num desejo de cume,
perdidas, de pensamento preso com a névoa.
Só não sabem a que noite pertencem
os pássaros brancos em busca de rio.
Mas a corrente dorme sob o gelo,
sonhando uma primavera de estuários.
É quando o vidro da janela não devolve
mais do que o próprio rosto de quem espreita;
reflexo que nem a treva aceita,
ocupada em trabalhos de linha e tear.
nuno júdice
a fonte da vida
quetzal
1997
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