I
…Estreitos
são os barcos, estreita a nossa cama.
Imensa
a extensão das águas, mais vasto o nosso império
Nos
quartos fechados do desejo.
Entra
o Verão, que vem do mar. ao mar apenas, diremos
Que
estrangeiros fomos nas festas da Cidade, e que astro su-
bindo das festas
submarinas
Veio certa noite, sobre a nossa
cama, farejar a cama do divino.
Em vão a terra vizinha traça
para nós a sua fronteira. Uma
mesma vaga pelo mundo,
uma mesma vaga desde Tróia
Rola a sua anca para nós. Num mar
alto longe de nós foi
outrora impresso este sopro…
E certa noite foi grande o rumor
nos quartos: a própria
morte, com um som de
búzios, não se faria ouvir!
Amai, ó casais, os barcos; e o
mar alto dentro dos quartos!
A terra chora certa noite os
seus deuses, e o homem caça as
bestas fulvas; as
cidades gastam-se, as mulheres sonham… Que
para sempre paire à
nossa porta
Essa alvorada imensa que se
chama mar – elite de asas e le-
vantamento de armas,
amor e mar do mesmo leito, amor e mar
no mesmo leito –
e de
novo este diálogo nos quartos:
saint-john perse
habitarei o meu nome
antologia
tradução de joão moita
assírio & alvim
2016
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