I
O centro do mundo está em toda a parte e em nós
Uma rua ofereceu-se ao sol
Onde se situava ela e qual a sua importância
Na luz suplicante
Do inverno nascido de um amor menor
Do inverno uma criança coisa de nada
Com o seu séquito de andrajos
Com o seu cortejo de pavores
E de pés frios caminhando sobre túmulos
No deserto tépido da rua.
II
O centro do mundo está em nós e em toda a parte
E de súbito a terra bem-vinda
Foi uma rosácea de sorte
Visível com espelhos louros
Em que tudo cantava com a rosa na mão
À folha verde e ao metal branco
Pegajoso de embriaguez e de calor
Ouro sim ouro para brotar do chão
Debaixo da imensa mole humana
Aos pés da vida opressiva e boa
paul éluard
últimos poemas de amor
o duro desejo de durar 1946
trad. maria gabriela llansol
relógio d´água
2002
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