08 maio 2015

carlos de oliveira / visão de josé gomes ferreira no vanderman



Nos cimos,
Onde a água esperava o momento de vir lavar os homens,
Você viu
por um súbito rasgão da insónia
os animais miúdos comidos pelos maiores, os maiores comidos pelos homens,
          os homens roídos pela antropofagia e pelos dentes amarelos das estrelas.
Desde então,
o seu remorso brota de cada gota-recordação do Vanderman
e o tempo, devorando as estrelas, engorda mais com as grandes patas fulvas
          atoladas em nossos corações,
essa lama de sangue.



carlos de oliveira
edoi lelia doura
antologia das vozes comunicantes da poesia moderna portuguesa
organizada por herberto helder
assírio & alvim
1985





1 comentário:

Anónimo disse...

Boa tarde.Intensa e bela poesia!
Parabéns.
Abraço.