Nos cimos,
Onde a água esperava o momento de vir lavar os
homens,
Você viu
por um súbito rasgão da insónia
os animais miúdos comidos pelos maiores, os maiores
comidos pelos homens,
os
homens roídos pela antropofagia e pelos dentes amarelos das estrelas.
Desde então,
o seu remorso brota de cada gota-recordação do
Vanderman
e o tempo, devorando as estrelas, engorda mais com
as grandes patas fulvas
atoladas em nossos corações,
essa lama de sangue.
carlos de oliveira
edoi lelia doura
antologia das vozes comunicantes
da poesia moderna portuguesa
organizada por herberto helder
assírio & alvim
1985
1 comentário:
Boa tarde.Intensa e bela poesia!
Parabéns.
Abraço.
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