30 março 2012

sylvia plath / três mulheres





(…)

Quem é ele, este rapaz azul e furibundo,
Brilhante e estranho, como se tivesse sido arremessado de
     uma estrela?
Tem um ar tão zangado!
Voou pelo quarto adentro, com um berro no calcanhar.
O azul empalidece. Afinal é humano.
Um lotus escarlate abre-se na sua poça de sangue.
Estão a coser-me com seda, como se eu fosse um pedaço
     de pano.

O que fizeram os meus dedos antes de o erguer?
O que fez o meu coração ao seu amor?
Nunca vi nada tão claro
As suas pálpebras são como a flor de lilás
E suave como mariposa a sua respiração.
Não o abandonarei.
Não há ambição ou maldade nele. Que assim possa
     permanecer.

(…)





sylvia plath
três mulheres
poema a três vozes
trad. ana gabriela macedo
relógio d´água
2004


  

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