14 março 2012

jean-arthur rimbaud / bárbara






Muito depois dos dias e das estações,
dos seres e dos países.

O estandarte de carne sangrando sobre
a seda dos mares e das flores árcticas
(que não existem).

Liberto das velhas fanfarras de he-
roísmo ─  que ainda nos assaltam o co-
ração e a mente ─  longe dos antigos
assassinos ─

Oh! O estandarte de carne sangrando
sobre a seda dos mares e das flores
árcticas (que não existem).

Os braseiros, chovendo em bátegas de
gelo ─  Doçuras! ─  os revérberos da chuva
de diamantes vindos do coração terres-
tre para nós eternamente carbonizado.
─  Ó mundo! ─

(longe das antigas retiradas e dos
velhos incêndios que ainda sentimos,
ainda ouvimos),

Braseiros e espumas. E música, revirar
de abismos e impacto de flocos de neve
nos astros.

Ó Doçuras, ó mundo, ó música! For-
Mas, suores, cabelos e olhos, flutuando.
E as lágrimas brancas, ferventes ─  ó do-
çuras! ─ e a voz feminina chegando ao
fundo dos vulcões e das grutas árcticas.


O estandarte…



   


jean-arthur rimbaud
iluminações
uma cerveja no inferno
trad. mário cesariny
estúdios cor
1972



  

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