Muito depois dos dias e das estações,
dos seres e dos países.
O estandarte de carne sangrando sobre
a seda dos mares e das flores árcticas
(que não existem).
Liberto das velhas fanfarras de he-
roísmo ─ que ainda nos assaltam o co-
ração e a mente ─ longe dos antigos
assassinos ─
Oh! O estandarte de carne sangrando
sobre a seda dos mares e das flores
árcticas (que não existem).
Os braseiros, chovendo em bátegas de
gelo ─ Doçuras! ─ os revérberos da chuva
de diamantes vindos do coração terres-
tre para nós eternamente carbonizado.
─ Ó mundo! ─
(longe das antigas retiradas e dos
velhos incêndios que ainda sentimos,
ainda ouvimos),
Braseiros e espumas. E música, revirar
de abismos e impacto de flocos de neve
nos astros.
Ó Doçuras, ó mundo, ó música! For-
Mas, suores, cabelos e olhos, flutuando.
E as lágrimas brancas, ferventes ─ ó do-
çuras! ─ e a voz feminina chegando ao
fundo dos vulcões e das grutas árcticas.
O estandarte…
jean-arthur rimbaud
iluminações
uma cerveja no inferno
trad. mário cesariny
estúdios cor
1972
Sem comentários:
Enviar um comentário