Eu sei que as túlipas
são os olhos de todos os aviões perdidos
Eu sei que as cidades
são os esqueletos das aves de rapina
Eu sei que os candeeiros ardendo de noite
são os pulmões dos peixes-voadores
Eu sei que o mistério
é uma dentadura abandonada
Eu sei que a loucura
é um braço solitário sorrindo eternamente
Eu sei que os meus olhos
são as tuas pernas frementes
Eu sei que os teus cabelos
são o meu acendedor de pirilampos
Eu sei que a tua boca
é o meu uivo solar
Eu sei que o teu peito e o teu sexo
são a minha água profundamente azul
onde se encontram todos os fantasmas
já perdidos há séculos.
mário-henrique leiria
a única real tradição viva
antologia da poesia surrealista portuguesa
perfecto e. cuadrado
assírio & alvim
1998
1 comentário:
Genial!
Também escrevo alguma poesia, se quiser visitar ... http://showmethecrossroad.blogspot.com/
Seria um prazer.
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