Que os últimos frutos sequem, nem por isso deixam de
ser os mais apetecidos.
As próprias estações confundem-se num frasco de
compota
de cujo fundo inúmeras gerações parecem ter saído.
Leva-se a mão ao fruto e um ardor consome-se na boca –
álcool de que o sentimento impróprio decai: enxuto,
ressequido.
Ah, deixa-me beijar a tua boca – até que do fundo
de um sabor a mosto eu me sinta recluso e excluído.
Liofilizados, antes da estação, agora caem os frutos.
Uns dão a luz ao dia, outros, à morte, um sentido
inapetecido.
fernando guerreiro
poesia digital
7 poetas dos anos 80
campo das letras
2002
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