24 junho 2010
gil t. sousa / é como acordar
20/
é como acordar.
mas aquilo que flúi quando acordas,
aquilo que te liga os dias donde vens
aos dias a que queres chegar,
aquela abundância de razão e de consciência
que te dá sentido à vida...
esse movimento está ausente
e sentes-te como um fumo.
qualquer coisa te pode esmagar,
qualquer gesto te pode transportar
a um chão que não existe,
a um caminho
que os teus passos não sabem percorrer.
e as tuas mãos ficam húmidas desse delírio.
e os olhos caem-te aflitos no lugar da doçura ausente.
e ficas sem gritar,
ergues-te sobre esse dia que chega
e tudo é maior do que possas ter para te agarrar.
e deixas-te ir, etéreo como um fumo…
podia ser esse o minuto da loucura.
podia ser esse o momento de abraçar a luz
e estalar docemente numa noite qualquer.
como uma fenda de fogo,
como um punhal de lume
que enfim te rasgasse o mundo.
gil t. sousa
falso lugar
2004
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2 comentários:
Belo poema Gil. O seu blogue é uma bela dedicação à poesia... ela com certeza agradece.
http://cartassideradas.blogspot.com/
Marcelo, muito obrigado pelo teu comentário.
São tão raros os gestos "sem preço"...
Um abraço deste lado do mar.
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