04 dezembro 2008

pedro s. martins / aranha rainha







atirei uma caneta ao ar para que ela escrevesse na cortina do sonho:
" não preciso do teu pulso para desenhar letras". era aranha
rainha que tecia a tinta preta este poema na sua teia. não
estava à espera de apanhar insectos,
apenas alegorias à pessoa.
sempre que uma ficava presa, com as patas, não a matava, estimulava
o fim precoce dos sentimentos. dos bons dos maus e quando havia nuvens
no céu florido dos perversos.
manta de emoções, retalhos de vidas, sonhos eternos, rostos estacados
em corpos que não lhes pertenciam.

agora,
que acordo para nunca mais adormecer,
pressinto que me capturaste tudo que tinha e o deglutes na
paz do teu sono obreiro.
não queria ser eu a ter que te dizer isto, mas:
sou pele de cobra dos mil fôlegos: regenero-me sazonalmente. renasço
do que capturaste e renascerei as vezes que estender a tua
teia manto de razão errada em mim.





pedro s. martins





3 comentários:

f. disse...

Muito bonito

as velas ardem ate ao fim disse...

Lindo!

um abraço

isabel mendes ferreira disse...

gosto gosto gosto e gosto!!!!!!
.




Bom dia Poeta!