27 novembro 2007

solidão de papel




não me fales mais
dessa solidão de papel

eu ainda tenho a sede das oliveiras
a paciente sede
dos rios que nunca chegam
dos rios avistados
que não se podem tocar

eu ainda tenho a dor da terra queimada
a fortíssima dor
das chuvas que não voltam
das raízes que morrem
sem poder gritar

o teu nada
é só mais um perfume!

e eu
eu tenho sangue na voz
tenho no peito o grito do lobo
a imensa tristeza de uma lua
que o céu não quis






gil t. sousa
poemas
2001





2 comentários:

lena disse...

ler-te é saciar a saudade que tenho de ti

é voz de um grito que queima

belo o que escreves gil,, tão belo que cada verso tem um tocar de emoção

um abraço onde a ternura mora

lena

Anónimo disse...

Que maravilha...