01 novembro 2004

The Sad Punk

Estava muito frio. Juntámo-nos no Pinguim para mais um recital. Levávamos livros e maços de papel com textos em txt com os nossos poemas preferidos. Lembro-me de ficar comovido por ver que a maioria eram miúdos muito jovens cheios de vida e de irreverência, empunhando poetas como quem empunha armas. Lembro-me de sentir um orgulho enorme no meu país e de sentir que nada pode estar perdido, enquanto houver pessoas assim a carregar os seus sonhos pelas cidades e pelo mundo.

Foi num desses eventos que me disseram: aquele é o The_Sad_Punk. Nunca cheguei a falar com ele, mas habituei-me a ver o seu nick no canto da tela do computador. Era um nick bonito, mas nunca me passou pela cabeça que aquele “Sad” fosse tão real.

Pois é Alexandre, hoje só me apeteceu ler Mário-Henrique Leiria, pois sem conhecer nada de ti, sei que o apreciavas muito e se eras capaz de o apreciar tanto só podias ser um tipo com uma alma maior do que tu próprio, só podias ser um poeta, pá.

Por isso, espero que agora te “deixem sentar numa nuvem, a mais alta e que dês pontapés na lua” todos os que te apetecer, como se fosse enfim a tua vida.

9 comentários:

Anónimo disse...

"como os estranhos pássaros nascidos em tua boca
como os rios que te correm entre os olhos
como as esmeraldas que formam as asas dos teus ombros
como os longos ramos da árvore do sono do teu braço
como o grande espaço em que o teu corpo repousa
deitado na tua própria mão
como a tua sombra idêntica à nuvem
que se encontra com o mar..."
.
.
.
tu conheces o resto, sabes o autor, um beijo
.
.
sashia

Anónimo disse...

. . .
Qualquer pedaço de floresta ou tempestade
pode ser a distância
entre os teus braços fechados em si mesmos
e a noite encontrada para além do grito das panteras
. . .
ou
. . .

Deixa-me sentar numa nuvem
a mais alta
e dar pontapés na Lua
que era como eu devia ter vivido
a vida toda
dar pontapés
até sentir um tal cansaço nas pernas
que elas pudessem voar
. . .

dizer de quem são, melhor que ninguém tu sabias,
vou lembra-me sempre de ti Alexandre, assim com o teu :))) sempre que os passava. ficarás na minha saudade

onda

Anónimo disse...

Não sei o que dizer...nunca aprendi a lidar com a perda das pessoas que estimo...recordo-me da última conversa com o alexandre, só não esperava que fosse a derradeira.
Para ti, uma frase que trocámos vezes sem conta...
/me atira uma sopa de letras a punkito
Espero que a recebas, estejas onde estiveres, e que me atires algo de volta, como resposta, e como sempre...beijos

Anónimo disse...

"Escrevo o teu nome e um pássaro levanta-se da terra - sobre o seu vôo cantariam os teus olhos mil histórias que eu escutaria com o mesmo silêncio admirado com que a boca cai um beijo ou a noite atira o amor para cima das camas. Mas o lápis rola subitamente sobre a mesa e pára a sepultar as palavras que nunca te direi - porque o rio não regressa à cidade que primeiro beijou, nem o navio ruma jamais ao porto que o viu largar..."
In Fazes-me Falta, Inês Pedrosa
Descansa em Paz Alexandre.
_Kookai_

Anónimo disse...

Happy people have no stories...

by: he knows who...

IB disse...

the sad punk!?!?!?!?!

conheço...
pinguim? ainda melhor...
estranho encontrar assim

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
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Beto Brandão disse...

Nas nuvens!!!!