Mostrar mensagens com a etiqueta luís miguel nava. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta luís miguel nava. Mostrar todas as mensagens
01 setembro 2010
luís miguel nava / sol subterrâneo
O sol é subterrâneo, aquele a que eu
me quero hoje estender é o do meu espírito, é preciso
cavar bem fundo até o fazer surgir.
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
rebentação
publicações dom quixote
2002
16 dezembro 2009
luís miguel nava / paisagens
São outras as paisagens quando alguém
as vê pelas janelas do seu próprio coração ou quando
com esse coração
a própria estrada está comprometida.
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
rebentação
publicações dom quixote
2002
24 março 2009
luís miguel nava / os olhos
Sempre que sobre mim poisava os olhos, o olhar dele era o de quem os volta para dentro de si próprio, como se nesse espaço me quisesse aprisionar ou dele, sem que eu sequer o suspeitasse, há muito me tivesse feito residente. Raro era, porém, surgirem sob as pálpebras, no rosto, onde seria de esperar vermo-los, esses olhos. Não o faziam senão quando, como depois veio a ser sabido, até aí com ímpeto os alçava o seu mar interior nas suas cristas.
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
rebentação
publicações dom quixote
2002
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
rebentação
publicações dom quixote
2002
18 outubro 2008
luís miguel nava / a saída
Havia no seu corpo uma saída.
Podia através dela ir até onde quisesse, de momento que a porta não ficasse a bater com um ruído que a maior parte das pessoas confundia com o bater do coração. Não consta que o sangue o perseguisse senão muito raramente e mesmo assim não para além da beira-mar.
Trazia há algum tempo na memória um espelho onde quem quer que se abeirasse dele podia contemplar-se. Pelo espelho era possível ver os poços através dos quais a pele desaparece, as ondas momentaneamente imóveis, as areias a assaltar-lhe o coração.
Podia através dela ir até onde quisesse, de momento que a porta não ficasse a bater com um ruído que a maior parte das pessoas confundia com o bater do coração. Não consta que o sangue o perseguisse senão muito raramente e mesmo assim não para além da beira-mar.
Trazia há algum tempo na memória um espelho onde quem quer que se abeirasse dele podia contemplar-se. Pelo espelho era possível ver os poços através dos quais a pele desaparece, as ondas momentaneamente imóveis, as areias a assaltar-lhe o coração.
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
rebentação
publicações dom quixote
2002
28 abril 2008
os nós da escrita
Escrever é, para mim, tentar desfazer nós, embora o que na realidade acabo sempre por fazer seja embrulhar ainda mais os fios. A própria caligrafia é sufocada.
Há, todavia, um momento em que as palavras são cuspidas, saem em borbotões, e o sangue e a saliva impregnam o sentido. É impossível separá-los.
Por trás talvez não haja mesmo nada. São palavras que não estão ginasticadas, que secam e encarquilham como folhas por que a seiva já não passe.
Oprimem toda a página, através da qual deixa de ser possível respirar. Tapam-lhe os poros. A própria chuva que neles caia não se escoa.
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
rebentação
publicações dom quixote
2002
03 maio 2007
há uma pedra feroz
Há uma pedra feroz,
um rapaz,
há o olhar do rapaz atado à pedra,
o olhar do rapaz, a minha casa,
o olhar do rapaz às vezes é a pedra.
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
películas
publicações dom quixote
2002
27 fevereiro 2007
ninguém se lembra
De quem ao coração vai buscar água
ninguém se lembra nem
de quem por tê-lo
pregado à pele mostra os seus pregos ferrugentos.
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
rebentação
publicações dom quixote
2002
Subscrever:
Mensagens (Atom)