Sempre que sobre mim poisava os olhos, o olhar dele era o de quem os volta para dentro de si próprio, como se nesse espaço me quisesse aprisionar ou dele, sem que eu sequer o suspeitasse, há muito me tivesse feito residente. Raro era, porém, surgirem sob as pálpebras, no rosto, onde seria de esperar vermo-los, esses olhos. Não o faziam senão quando, como depois veio a ser sabido, até aí com ímpeto os alçava o seu mar interior nas suas cristas.
luís miguel nava
poesia completa (1979-1994)
rebentação
publicações dom quixote
2002
luís miguel nava
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2002
3 comentários:
Muito bom seu blog, parabens. Procurava por poesias de Blaise Cendrars e ainda encontrei muito da poesia portuguesa.
Um abraço,
vinicius.
aos meus olhos um dos maiores poetas dos últimos trinta anos da língua portuguesa e que foi praticamente ignorado até à sua morte. e depois - e depois? - ficam os poemas.
Deixo-te o meu sopro....
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